terça-feira, 6 de maio de 2008

Também sou Campeão

Título: Também sou campeão
Autor: Sérgio da Costa Ramos
Publicação: Diário Catarinense
Data: 06/05/2008

"Também sou campeão"
"Em terra de jacu inhambu não pia", rezava um ditado de tropeiros lageanos, muito citado pelo ex-governador Celso Ramos, que amava o Avaí e o Flamengo.
De um foi presidente e do outro, jogador. Ao se mudar para Minas Gerais aos 19 anos, com a missão de estudar engenharia na Policlínica de Belo Horizonte, Celso Ramos "matou" a faculdade e acabou no Rio, como ponta-esquerda do Flamengo, sob a alcunha de "Curió". Com esse apelido ornitológico, burlava a vigilância do pai, o velho Vidal, e "piava" nos campos pelo Mengão - e, depois, a partir de 1923, pelo seu recém-nascido Avaí.
Estava o escriba posto em sossego no domingo obscenamente azul, curtindo o "baile" que o rubro-negro aplicava no Botafogo, quando os primeiros foguetes invadiram o quintal. Até parecia uma passeata da antiga UDN, cheia de vivas, interjeições e foguetórios. Mas o que teria a ver um "inhambu" alvi-celeste com aquela festa de jacus alvi-negros? O que teria a ver um avaiano/rubro-negro com aquela disputa entre a UDN do saudoso Fernando Viegas e a sublegenda udenista do Diomício Freitas?
Nada e tudo. Ao contrário do Mengo, que vence até dormindo, o "azurra" padece de um urubu pousado em sua sorte, alguns deles fantasiados de juízes de futebol. Sábado, para variar, um desses urubus enxergou um pênalti-mandrake a favor do Grêmio. Pênalti roubado não entra, diz o ditado. E este não entrou. Mas e aqueles que deixaram de ser marcados na "semifinal" contra o Criciúma? Pênalti a favor do azul e branco não figura mais nas regras do futebol?
Não vou chorar, como os botafoguenses. Ainda bem que sou pragmático - e não perco os amigos por causa do futebol. Resolvi aceitar o Romanée Conti regado a queijo Gruyère e Selles-sur-Cher que um amigo de posses me estendeu, ainda que cercado por incômodo foguetório.
A queijo dado não se olha o furo. Aceitei o repasto porque também sou campeão. Comemoro o 30º campeonato carioca - pois não sei onde em mim acaba o Flamengo e começa o Avaí. As duas instituições são complementares. Ainda bem. No momento, só a minha porção rubro-negra festeja. Desconfio que a sua parte adormecida emergirá desta taça de Chateau Petrus, que meu amigo abonado me estende. Salut! Agradeçam ao Avaí por haver "entregue" dois turnos, um para o Figueira, outro para o Criciúma.
Em todo caso, como é estranha essa "aritmética" regulamentar: o Tigre perdeu a primeira por 1 a 0. "Ganhou" a segunda por 3 a 2, mas, ganhando, perdeu. A sorte é mesmo um atributo continental!
Primeiro, o meu amigo bem que tentou "inticar", pelo telefone:
- Alguma novidade? E esse foguetório que estou ouvindo aí, ao fundo...?
- Foguetório? Nem notei. Sei lá! Deve ter chegado mais uma remessa de erva lá no Morro do 25!
- Fala sério, rapaz! Como é que te sentes agora, há mais de 10 anos na "fila"?
- Fila? Ah, é claro! Absurda essa fila ali perto do Koxixos. Duas sinaleiras separadas por menos de 100 metros. Ridículo. O Ipuf não saca nada de engenharia de trânsito.
- Não eras tu que vivias falando em "Leão da Ilha Formosa" e outras fantasias?
- Leão? Ilha? Olha, faz tempo que não faço uma fezinha. Da última vez joguei no 6, cabra, combinado com o 15, jacaré. Botei uma ficha também no 24, mas isso foi antes do Ronaldo apostar nos bambis de trombinha. Pensando bem, acho que interpretei mal. Se bambi usa trombinha, preciso jogar no elefante!
Agora, aqui nesta mesa de bar cercada de mal-agradecidos, elevo minha taça ao meu amigo campeão.
Calminha. O Jair Francisco Hamms também é Flamengo.

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